terça-feira, 24 de setembro de 2013

Vitor nasceu no jardim das margaridas 
Erva-daninha nunca teve primavera 
Cresceu sem pai sem mãe sem norte sem seta 
Pés no chão, nunca teve bicicleta.

Já Hugo não nasceu, estreou 
Pele branquinha, nunca teve inverno 
tinha pai, mãe, caderno e fada-madrinha.

Vitor virou ladrão 
Hugo salafrário 
Um roubava por pão 
O outro para reforçar o salário.

Um usava capuz 
O outro gravata 
Um roubava na luz 
O outro em noite de serenata.

Um vivia de cativeiro 
O outro de negócio 
Um não tinha amigo, parceiro 
O outro, sócio.

Retrato falado Vitor tinha cara na notícia 
Enquanto Hugo fazia pose pra revista.
O da pólvora apodrece impenitente 
O da caneta enriquece impunemente 
A um só resta virar crente 
O outro é candidato a presidente.

Sergio Vaz

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Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei.

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